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Moinhos

Falar dos moinhos de Cernache é antes de mais falar num inestimável valor patrimonial de todos, e sobretudo, numa aposta que tem assim a ver, não só com a recuperação de um importante património da Freguesia, mas também com a preservação de uma herança cultural que deve ser transmitida de geração em geração. Existe urna grande importância turística, didáctica, histórica - cultural. social, patrimonial, pedagógica e educativa, sobretudo, para as novas gerações. Daí a necessidade da recuperação dos moinhos, para permitir a jovens, turistas e outros cidadãos, tomar contacto com realidades distantes da actual, descobrir referências históricas e culturais, e entender, com maior precisão. a influência social da ancestral indústria da moagem.

O moinho de rodízio, que apareceu pela primeira vez descrito por Antípatro de Tessalónica no ano 85 a.c.. espalhou-se rapidamente peta Europa. Não se pode dar a data certa da sua entrada em Portugal mas encontraram-se ruínas de moinhos de rodízio junto à represa romana do lugar da Represe, em Beja, o que leva a crer que já tivessem sido introduzi­dos pelos Romanos.

Os moinhos de águas encontram-se um pouco por todo o país. no entanto, a partir da década de 60, com a implantação de moagens industriais, accionadas a electricidade ou motores de combustão, foi alterada por completo a actividade dos moinhos de água. Por isso, não é de estranhar que a evolução das sociedades os tenha retegado para um segundo plano, não só pela revolução tecnológica operada, bem como pela alteração dos hábitos alimentares. A grande indústria, sobre tudo as moagens indus­triais, a alteração dos hábitos alimentares, o surgimento das padarias, a migração das popu­lações rumo a outras paragens, são outros tantos factores que contribuíram para a derrocada desta economia cujos pilares assentavam na moagem do milho (inicialmente, do arroz) e na distribuição da farinha pelos fregueses habituais - o carreto - para a confecção da tradicional broa de milho, então, elemento essencial de sobrevivência das tamirias e, subsidiariamente, à alimentação dos animais. Cernache não pode desligar-se da história dos moinhos, sob pena de olvidar a história dos seus antepassados e da própria Freguesia. As actividades ligadas à moagem tiveram durante séculos, grande importância económica para esta região, sobre­tudo, para a nossa Freguesia, onde famílias inteiras participavam e viviam desta actividade, na qual a Ribeira de Cernache desempenhava um papel fundamental em todo o processo, graças à sua localização, ao caudal e perfil lon­gitudinal da Ribeira, com declives que permitiam a fácil e eficaz fixação de moinhos, sobretudo, pela abundância de água das ribeiras e pela oferta cerealifera dos seus campos, onde a indústria de moagem tinha condições ideais para aqui se desenvolver em larga escala, de tal forma que até foi mesrno criado um Bairro dos Moinhos.

O primeiro documento que faz referência à existência de moinhos de água "por estas bandas", data de19 de Abril de 1086, altura em que o presbítero Sendamiro Moniz doou à Sé de Coimbra metade dos seus moinhos que possuía em Anobra. Mas para dar uma ideia aproximada da importância destes moinhos para a nossa Freguesia, basta referir que no início do séc. XIX eram mesmo os moinhos de água de Cernache que abasteciam Coimbra de larinhas, e no princípio do séc. XX, existiam ao longo das ribeiras de Cernache, Casconha e Pão Quente (estas afluentes da primeira), 58 assentos de moinho, com 112 casais de mós. No entanto, com o tempo, os moinhos de àgua começaram a parar e os açudes deixaram de fazer represa as levadas e Aguieiras entupiram e os rodízios a seco empenaram e deformaram-se.

Actualmente não há continuidade na mestria de moleiro. Poucos são os que, por exemplo, sabem picar as mós, como o nosso moleiro, o Sr. António "Sono". Alguns, ainda hoje laboram e teimam heroicamente em resistir ao esqueci­mento e a uma sociedade que os votou implacavelmente a peças de museu. Infelizmente os moinhos de água fazern parte de um património muitas vezes esquecido, e é com alguma pre­ocupação que se assiste, sobretudo durante o último século, ao paulatino desaparecimento deste tão valioso património.

Pelo que conheço dos moinhos de Cemache e da sua história, tenho a plena convicção que havendo vontade e disponibilidade das entidades competentes, a Freguesia de Cernache tem potencial suficente para a nível destes imóveis, criar, por exemplo, um Museu do Moinho, ou Museu Vivo, ou ainda, uma Rota dos Moinhos. Assim, o aproveitamento e recuperação de moinhos pode promover a nossa Freguesia em termos turísticos e preser­var a nossa herança cultural.

Deste modo, para além de se restaurar os moirihos, mantendo a sua traça original e o espaço que rodeia cada um iria reproduzir o per­curso tradicional da água, a fim de melhorar o espaço envolvente e permitir dar aos visitantes uma noção do Ciclo do Pão. Penso que também seria, interessante criar um posto de venda de artesanato e objectos relacionados com o tema. Seria, igualmente, enriquecedor completar estes espaços com uma área de lazer arborizada, com um parque infantil e outro para meren­das e locais de estacionamento, a título de exemplo.

Em jeito de conclusão, gostaria de salientar a necessidade de integrar este património no nosso quotidiano e fazer deles não apenas peças de museu, mas realidades vivas. Os moinhos possibilitam uma oxigenação das águas tão vital para todas as formas de vida que devem à água o seu sustento. Convém também, não esquecer todo o seu potencial agro turístico, a sua importância pedagógica e educativa e a necessidade de preservar todo este patrimóriio que, sendo nosso, é a nossa historia. Finalmente, gostaria que as pessoas e, em especial as instituições, se sentissem mais sensibilizadas para com este precioso legado que se nós impõe preservar, enriquecer e, entretanto, divulgar.

Marco Paulo Cruz
Assistente Administrativo da Junta Freguesia de Cemache e Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

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