Esta Capela terá sido fundada, segundo alguns autores, em 1635, segundo outros em 1655. Sabe-se, no entanto que em 13 de Maio de 1656, 20 casais do Lugar de Criaz, de entre eles Domingos Manuel Velho e Domingos Manuel Novo, levantaram uma Capela “... no seu monte maninho, estando acabada com chaves e o mais necessário”. De seguida apresentaram-se perante o notário para assinar um documento segundo o qual se comprometiam a dar para esta Capela, a primeira a existir no aro da freguesia, “... a imagem do milagroso Senhor S. Bento e certas quantias de cereal para a sua fábrica de modo a haver nela Missa e Pregações”.
Curiosamente, e estudando os registos paroquiais de Apúlia, no Livro Misto N.º 1, em 1640, encontramos um interessante registo do Reitor de Apúlia, com o título “esmolas que se prometeram para a festa de S. Bento” o que vem dar razão aqueles que apresentam como data de fundação aí por 1635. Nessa listagem, só com nomes de moradores de Criaz, registam-se alguns dados sobre profissões que nos merece um pequeno apontamento. Assim encontramos neste Lugar de Criaz as profissões de Juiz, Capitão, Moleiro, Procurador, Jurado, Curador, Cesteiro, Canastreiro, etc..
Em 26 de Maio de 1728 foi mandado fundir o sino para a Capela “... por ser preciso por causa da Missa e de acompanhar o viático dos doentes”. Em 7 de Setembro de 1742, numa visitação, foi escrito que esta não tinha paramento e os moradores deveriam cortar o mato que a envolvia e preenchia o seu adro. Aliás numa outra visitação, esta a 18 de Fevereiro de 1760, registava-se que a Capela estava a ameaçar ruína.
Em 1772, é autorizado, por Provisão do Arcebispo de Braga, a que o P.e Manuel José de Azevedo, natural de Fonte Boa e Capelão de Nossa Senhora do Amparo, pudesse instituir nesta Capela um Confessionário “... para nele se confessarem todos os fieis que forem à mesma”. O nascimento religioso nesta capela é notório nos registos de óbitos, em que os moradores faziam questão em serem sepultados no chão da Capela (ex. Manuel António Miranda, sepultado aí em 08 de Junho de 1933).
Este pequeno templo foi totalmente remodelado em 1928.
Segundo Teotónio da Fonseca, isto em 1936, esta Capela era particular e pertencia ao P.e Adelino Ferreira da Costa, que era Capelão da Senhora do Amparo. Tê-la-á comprado em 1919. Actualmente pertence à Paróquia e foi completamente renovada.
Possui uma fachada com frontão triangular onde se pode ler a legenda “S. E. M. J. – 1928”. Ao centro há uma janela rectangular que ilumina o interior. Possui um pequeno arco sineiro, aposto ao alçado norte. Sobre a fachada principal existe uma cruz e dos lados, sobre as pilastras surgem dois pináculos. O Templo possui ainda duas pequenas capelas laterais e uma sacristia, esta na fachada posterior. Está circundada por adro próprio. Possuía um cruzeiro que foi mudado, em 1906, devido a uma demanda entre a Junta de Freguesia e os moradores de Criaz. Em 1907 a Junta de Paróquia de Apúlia voltou a entrar em litígio, por causa desta capela, desta vez com Manuel de Sá Hipólito, tendo para isso contraído um empréstimo de 500$00 reis.
Esta foi uma das Capelas que d. Rodrigo de Moura Telles, Arcebispo de Braga, visitou em 1719 assim como o seu sucessor D. Gaspar de Bragança em 1777 e 1780, Estas visitas denotam, sem dúvida, a sua importância na vida religiosa Apuliense.
Em 1845 anotava-se que esta Capela estava “... segura, tinha os paramentos necessário, e os moradores eram quem a administrava”.
Estamos certos que a devoção das gentes de Criaz a S. Bento de insere na grande dinâmica devocional que este fundador da Ordem dos Beneditinos ganha por toda a região e, curiosamente, um dos seus atributos é precisamente a peneira, símbolo do trabalho agrícola na busca do pão. Não esqueçamos da forte tradição agrícola de Criaz. Também dentro deste templozinho se veneram outras devoções que são S.ta Escolástica, cujo altar foi mandado executar em 1870 por Joaquim Vilas Boas Ribeiro Vellozo de Miranda, da casa brasonada de Criaz, que na altura custeou as obras de restauro e o próprio muro do adro, oferecendo a respectiva Imagem. O altar de S.ta Quitéria mandado fazer pelo pai de Manuel António Hipólito.
Santa Escolástica é, como sabem, irmã de S. Bento e foi fundadora da Ordem da Beneditinas, pelo que, mais uma vez, os moradores de Criaz, quiseram honrar S. Bento, dedicando um Altar à sua irmã. Quanto a Santa Quitéria, é símbolo da gente casta e dedicada a Cristo que, mesmo em horas difíceis não abdicam de O louvar e adorar.
Curiosamente em 1758, nesta Capela em vez da devoção a Santa Escolástica havia uma forte devoção a S. José fazendo-se uma grande romagem, muito concorrida pelas freguesias vizinhas.
No se aro encontra-se uma pedra tumular, em granito, datável do século XVIII, vinda do interior da Capela aquando da última remodelação. Tem um brasão de armas da família Carneiro. Pese embora o campo epigráfico esteja completamente apagado, este brasão é perfeitamente identificável e é constituído por escudo, Elmo com paquife e Timbre. O Escudo é de composição plena, sendo a sua leitura – CARNEIRO, sendo, constituído por uma banda perfilada, carregada de três flores-de-lis e acompanhada de dois carneiros passantes. O Timbre é formado por um carneiro passante.
Registe-se que na Capela de Nossa Senhora da Lapa, em Fão, existe, no seu interior, uma sepultura rasa, com o brasão de família, em que figuram as armas dos Carneiros. Não encontramos , no entanto, a ligação entre uma e outra Capela.