Evocação do dia 27 de Fevereiro de 1892
No dia 27 de Fevereiro evoca-se a grande catástrofe ocorrida no mar, ao largo da Póvoa de Varzim e que atingiu as comunidades piscatórias da Póvoa de Varzim, Matosinhos e Afurada. Da tragédia resultou o naufrágio de quatro lanchas poveiras (perdidas no alto mar, ou despedaçadas contra a praia das Cachinas) e três lanchas da Afurada, em que pereceram 105 pescadores, sendo 70 da Póvoa de Varzim e 35 da Afurada.
Esta catástrofe, ainda hoje lembrada pelas gentes da Afurada, é recordada na toponímia local, como nome de rua. Não haverá família que não tenha perdido algum dos seus entes queridos, tal o número de mortos, de feridos, de viúvas e de órfãos decorrentes do mais trágico acontecimento que enlutou a comunidade piscatória desta freguesia gaiense.
Atente-se ao relato da imprensa gaiense da época:
“Horrível desgraça.
Todos os nossos leitores, decerto, estão ao facto da horrível desgraça que sucedeu no sábado passado no nosso mar, onde se calcula pereceram 105 pescadores, pertencentes ao lugar da Afurada, Matosinhos e Póvoa de Varzim, ficando por esse motivo mães sem amparo, as viúvas sem arrimo, e filhos sem pão. Não há memória duma desgraça tamanha”. («O Grilo de Gaia», p. 2)
Das seis lanchas que haviam saído da Afurada para o mar, no dia 26 de Fevereiro, foram três as naufragadas, a saber: a “S. Pedro” que levava 24 homens e perdeu toda a tripulação, a “Senhora da Hora” que levava 20 homens e perdeu 9 e a “Senhora do Carmo”, que levava 23 homens e perdeu 2.