A vinte e dois quilómetros da sede de concelho, esta freguesia situa-se
na margem direita da ribeira do mesmo nome, afluente da ribeira de
Canha. Uma ribeira importante na economia da população ao longo dos
séculos, já que “a faz muito fresca, aprazível e abundante de cereais,
fruta, peixe, azeite e outros frutos” (Pinho Leal, “Portugal Antigo e
Moderno”) Lavre foi, no passado, a maior povoação destas redondezas.
Era cidade, no tempo dos árabes, que nessa altura fundaram a povoação e
lhe deram todas as condições para se desenvolver. Chamava-se então
Laven, sendo que desses tempo existem ainda alguns vestígios junto à
capela de S. Miguel. Freguesia em franco progresso, Lavre é um centro
produtor de Cortiça, Azeite, Vinho e Mel. A Agricultura é, pois então,
a principal actividade da sua população. A sua localização estratégica
é, desde há alguns anos, excelente, devido sobretudo à estrada que a
liga, por Ciborro, a Mora. Aqui vivem, actualmente, cerca de mil
habitantes. Voltemos, antes, ao passado. Que iremos situar, neste caso,
na época dos romanos. É dessa altura a ponte que liga as duas margens
da ribeira de Lavre, enquanto que no local onde se encontra a St. Casa
da Misericórdia se situava a “Domus Municippalis”. Os mouros tiveram
também uma grande importância para a história da Freguesia. Além da
ponte do Carvalho, em ruínas, foi da sua responsabilidade a construção
de um castelo defensivo, no Outeiro, do qual não resta porém qualquer
vestígio, a não ser algumas cantarias e alicerces enterrados. O
primeiro documento escrito que refere Lavre data de 1220 e está
assinado pelo rei D. Afonso II. Nessa carta, o monarca concede uma
doação de uma herdade sua, em Lavre, ao falcoeiro Mendo Gomes,
funcionário da corte, e seus descendentes. Lavár era então o nome da
novel vila. Foi D. Dinis que procedeu ao povoamento da freguesia, por
volta de 1300. Em 1304, iria conceder foral à povoação, a que se seguiu
um outro, logo no ano seguinte. Desaparecidos os textos originais, ou
mesmo qualquer cópia, dos dois primeiros, resta o texto do terceiro
foral, concedido por D. Manuel I em 13 de Janeiro de 1520. Em termos
eclesiásticos, Lavre foi um priorado da apresentação do cabido da Sé da
Guarda. Era seu donatário o Conde de St. Cruz. Trágico, para Lavre, foi
o terramoto de 1755. Nesta Freguesia, os seus efeitos também se fizeram
sentir com severidade, tanto que os mais importantes edifícios sofreram
derrocada. Foi o caso de grande parte da Igreja Matriz. O Concelho de
Lavre, formado em 1520, tinha Misericórdia e Câmara, com Juiz Ordinário
e Vereadores. Acabaria por ser extinto no século XIX, porque a sua
importância no contexto nacional nunca foi muito grande, e a Freguesia
integrada em Montemor-o-Novo.
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