António José Salvé-Rainha, pescador homenageado da freguesia de Santa Luzia, nasceu no dia 24 de Fevereiro de 1935, nesta vila piscatória.

Iniciou a sua lide marítima aos 12 anos de idade, com o seu pai. Casou aos 21 anos com Paulina Rosa Pereira, com quem teve quatro filhos, dois rapazes e duas raparigas.

Já com a família constituída, habilitou-se com a Carta de Arrais, comprou uma lancha e na companhia de outros camaradas, fez-se ao mar, tanto à vela, como a remos.

Aos 26 anos, aventurou-se na dura pesca do bacalhau nos gélidos mares da Gronelândia. Andou nos Dóris a pescar o bacalhau à linha, durante dois anos, no navio Capitão João Vilarinho.

Regressado dos perigos da pesca do bacalhau, com 28 anos, emigrou para África do Sul. Residia na Cidade do Cabo e trabalhava num arrastão espanhol na Namíbia. Também andou na pesca de lagosta e sardinha.

Trabalhava activamente durante seis meses, sendo de defeso obrigatório das espécies os restantes seis meses do ano, altura em que aproveitava para fazer algumas murejonas para apanhar peixe e aventurar-se na pesca no mar da África do Sul.

Passados três anos regressa a Santa Luzia e dedica-se à pesca do polvo com alcatruzes. Aos 36 anos de idade volta a partir, desta vez para Angola, a bordo do arrastão "Praia de Ericeira", mas por poucos meses.

Em 1969, quando regressa, definitivamente, à sua terra natal, integra a Comissão de Mordomos da Festa de Santa Luzia, distinção reservada somente aos mestres e donos de embarcação.

Após a revolução de 25 de Abril de 1974, altura em que os Comandantes de Porto foram exonerados das Casas dos Pescadores, integrou, por dois anos, uma "Comissão Administrativa" na qualidade de tesoureiro.

Há dois anos que a legislação em vigor não lhe permite voltar a navegar fora da barra. Assim, aos 74 anos de idade deixa, definitivamente, de andar ao mar.

Em terra, preenche os seus dias a fazer murejonas, a conversar com turistas curiosos e jornalistas interessados nas lides da pesca.