Breve caracterização sócio-histórica
A Lapa dos Dinheiros é uma das 29 freguesias do concelho de Seia, distrito da Guarda, possuindo uma área aproximadamente de 800 ha. Tem como principal e único acesso a EN231 (Viseu/Seia/Unhais/Covilhã) e localiza-se na encosta poente da Serra da Estrela, na margem do Rio Alva. Dista aproximadamente 10Km da sede de concelho. Foi anexa de São Romão até 18 de Dezembro de 1987, data em que São Romão subiu à categoria de Vila e a Lapa dos Dinheiros se tornou Freguesia.
Para melhor compreender a Lapa talvez seja útil uma breve abordagem à sua evolução sócio-histórica, o que não é, infelizmente, uma tarefa fácil dada a ausência ou acesso difícil a registos e documentação. Todavia podemos assinalar que no séc. XV nesta povoação residiriam aproximadamente 15 habitantes. Do longo lapso de tempo que decorre dessa época apenas podemos inferir, com a certeza das marcas físicas e dos testemunhos orais passados de geração em geração, que a Lapa sempre foi uma terra de gente humilde, profundamente rural e de grande tenacidade perante as condições agrestes do seu território.
Assim, a Lapa foi até às décadas de 60/70 do séc. XX, terra de pastores e agricultores, numa agricultura de subsistência.
As grandes mudanças sócio-económicas deste povoado só se vieram a registar com grande intensidade nas décadas de 60/70 e associadas a dois tipos de fenómenos, a emigração e o emprego na indústria.
O primeiro com a principal marca ligada ao forte surto migratório com destino à Europa e ex-colónias em África e o segundo associado a nova base sócio-económica dos empregos conseguidos nas empresas têxteis em Seia/S. Romão e na EHSE (Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela) em fase de expansão.
Desse período, que configurou uma nova estrutura sócio-económica da povoação, resultaram novos percursos de vidas pessoais e familiares. Com o emprego na indústria a povoação ganhou efectivamente meios financeiros para melhorar as suas condições de habitação e consumo. Por outro lado com o fenómeno migratório que se iniciou nesse período e infelizmente continua até aos dias de hoje, a comunidade perdeu gente e tornou mais vulneráveis as famílias, na perspectiva em que deixaram de poder contar com o apoio e solidariedade dos seus elementos mais jovens. Esta é objectivamente uma das imagens que infelizmente marca cada vez mais este "interior" do país. Meios rurais vazios onde apenas permanecem os mais velhos e em que apenas nas épocas festivas contam com os habitantes ausentes, em Lisboa, na França, na Alemanha, etc.
Este quadro social que aqui e acolá também denota tendências de mudança que importa salientar, designadamente o retorno dos emigrantes, principalmente após a reforma, ou o surgimento de uma nova geração mais instruída e com novos padrões de vida.