Ao redor de temas que tão bem nos caracterizam e influenciam como: o Mar, a Agricultura e a Pecuária, a Bicicleta, a Religião, a Enguia, a Ria, a Arte Xávega e a Gastronomia, "Os Camponeses da Beira-Ria" desenvolveram um programa de forma a que cada dia proporcionasse aos visitantes a integração na nossa terra e a vivência do nosso dia-a-dia, tudo sustentado na História e nas Tradições que dão forma ao modo de Estar e Ser do povo Murtoseiro. O objetivo foi dar a conhecer, em toda a sua plenitude, o cantinho que ocupamos e que chamamos de "Nosso", neste já conhecido Portugal Continental – a Nossa Murtosa.
Havendo na Murtosa um grande número de famílias que viveram e outras que ainda vivem, nos dias de hoje, com dependência económica da faina do Bacalhau, iniciámos o programa com o “Dia do Bacalhau”. Fazendo um enquadramento histórico sobre a importância que esta atividade económica assumiu em tempos passados e assume atualmente para os Murtoseiros, visitámos o Museu Marítimo de Ílhavo onde contactámos com a faina maior e vimos, em aquário, o Bacalhau, que se nos apresenta com uma elegância inacreditável quando comparado com o bacalhau seco que a maioria das pessoas apenas conhece. Uma vez que estávamos pelos lados de Aveiro fizemos um passeio pedonal pela Cidade, dando assim a conhecer o centro urbano da capital de Distrito.
Para o segundo dia de programa, convidamos cada um a ser camponês: foi o “Dia dos Camponeses”. Um dia passado pela nossa bela freguesia do Bunheiro, que começou bem cedo com a visita a uma vacaria de vacas raça "frísia" e outra da raça "marinhoa", a que se seguiu a visita a estábulos de cavalos, com direito a uma viagem em coche, revivendo aquele que foi o mais nobre meio de transporte familiar do passado. De trator, à boa maneira de um agricultor dos nossos dias, depois do almoço, fomos ver como estava a zona florestal (Lagoas). Meia-tarde volvida, regressámos a casa (Casa-Museu Custódio Prato) para a apanha do milho que foi desfolhado na “cascadela” dessa noite. A "dona da casa" cozeu o pão de broa e preparou as papas para dar a comer no final da safra. Apesar de cansados, os nossos camponeses não se renderam e, no fim dos trabalhos, ainda houve, como em tempos de outrora, o merecido momento de folguedo – o bailarico que contou com a presença de alguns elementos do Grupo Folclórico "As Lavradeiras do Vale do Sousa" Lousada onde todos tiveram oportunidade de aprender as algumas danças de cada rancho.
Não podíamos deixar de mostrar como a bicicleta está bem presente na nossa terra, e é massivamente utilizada, quer como meio de transporte, quer em momentos de lazer, de descontração ou desporto. No “Dia da Bicicleta”, visitamos o Centro de Educação Ambiental da Ribeira de Pardelhas, fizemos um passeio de bicicleta e demos a conhecer a nossa "pasteleira". Os participantes tiveram ainda oportunidade de experimentarem alguns exemplares destas bicicletas. Ao longo do passeio, promovemos a biodiversidade, o desporto náutico e aquele que é, seguramente, o melhor pastel de nata do país – o pastel de nata do Guedes.
Chegamos ao Domingo, o “Dia do Senhor”. Com a participação na Eucaristia Dominical, o Grupo Folclórico da Casa do Povo de S. Caetano, proporcionou-nos a auscultação de alguns dos seus cânticos litúrgicos, salientando-se o Hino a S. Mateus. Tendo as condições atmosféricas adversas obrigado ao cancelamento da apresentação prevista para a tarde junto à praia da Torreira, passamos o domingo, como muitas vezes nós mesmos fazemos – a passear de carro, ver uma coisita aqui ou ali, visitar os centros comerciais. Um dia para o descanso! À noite proporcionámos uma pequena audição do nosso Órgão de Tubos da Igreja de S. Mateus. Um momento bem apreciado pelos presentes.
Segunda-feira, voltamos ao trabalho. Desta vez para o “Dia da Enguia”. De manhã visitamos o entreposto de enguias da Ribeira de Pardelhas e o Museu Municipal – COMUR. À medida que a hora do almoço se aproximava, sentia-se em cada pessoa alguma tensão e ansiedade. Foi a primeira vez que muitos dos participantes comeram enguias. Apesar do fator novidade, na generalidade foi bem apreciada, quer fritas quer em caldeirada quer na sopa. De tarde, fomos conhecer a Fábrica de Conservas da Murtosa, em plena atividade.
O último dia reservámo-lo para o “Dia da Beira-Ria”, onde vestimos a pele de pequenos marujos a navegar pela Ria de Aveiro. Em barco moliceiro, fizemos a travessia da Ria desde o Cais do Bico até à Torreira. Chegados lá, mostramos a arte da reconstrução naval e promovemos a nossa praia fluvial e a praia da Torreira.
As demonstrações de agrado sobre a forma como estavam a ser recebidos, foram-se manifestando de forma crescente a cada dia que passava.
No final desta jornada, só podemos fazer um balanço extremamente positivo. Sentimos que cada um que partiu, foi a conhecer a Terra onde esteve. Foi a conhecer o Bunheiro, foi a conhecer a Murtosa, na sua História, Hábitos, Costumes, Tradições e modo de Viver do seu Povo. Levou consigo experiências que dão expressão às mensagens que lhes foram sendo transmitidas. O sentimento de agrado e satisfação foi notório e sentiu-se em cada abraço dado e em cada “Obrigado” ouvido no momento da despedida.
O nosso sentimento é só um: Dever Cumprido!
O Rancho Folclórico "Os Camponeses da Beira Ria" repartiu-se em várias equipas que se ocuparam da receção e acompanhamento do grupo visitante, da logística, das refeições, da limpeza das infraestruturas onde ficaram alojados, na sede e balneários da ACB, agradecendo também o importantíssimo apoio da Câmara Municipal da Murtosa e da Junta de Freguesia do Bunheiro.
Este texto foi levado ao conhecimento da Assembleia de Freguesia do Bunheiro a 27/09/2015 e à Assembleia Municipal da Murtosa a 28/09/2015.