Apraz saber que o Solar dos Correia Alves, outra casa notável do centro histórico da vila de Moimenta da Beira, é mais um Monumento de Interesse Municipal, sendo oportuno dizer que para tal muito contribuíram os trabalhos de reconstrução/adaptação de todo o edifício para Turismo de Habitação iniciados no ano de 2000, que cuidadosamente devolveram-lhe toda a sua grandiosidade... uma classificação que naturalmente acaba por ser importante não só para o próprio monumento porque afirma, após várias utilizações, mais uma vez o seu valor patrimonial (ao já integrar a Rota das Vinhas de Cister), como também contribui para a proteção e valorização de uma zona emblemática da vila e, por conseguinte, para o município que, por sua vez, alarga a sua lista de monumentos classificados (que, contudo, gostaríamos que não ficasse por aqui, pois, como se sabe, existem no concelho outros de excecional valor patrimonial igualmente merecedores deste "prémio"), mostrando-se mais rico para quem o visita nomeadamente no que respeita ao património edificado.
Breve descrição do monumento: arquitetura austera, "estilo chão", caraterística de um determinado período do século XVII. Apresenta planta retangular simples, massas horizontais com cobertura a quatro águas, dois pisos funcionalmente diferenciados, sendo o alçado principal marcado por portas alinhadas verticalmente pelas janelas do piso nobre, assinalado pela presença na sacada de varandas com grades de ferro forjado. No friso da moldura da sacada central notam-se ainda vestígios dos ferros que suportavam a pedra de armas. No interior: destaque para a sala principal, a qual tem ligação lateral por vão, com moldura em granito, a duas outras, das quais uma conserva ainda um admirável teto, em masseira, pintado sobre madeira, com motivos religiosos, da antiga família proprietária do Solar: os Almeidas. Na outra sala (lateral direita) a comunicação à principal é efetuada do mesmo modo. Embora o teto original desta esteja irremediavelmente perdido, era de estrutura semelhante ao já citado, possuindo ainda centralmente o brasão da antiga família, esculpido em madeira. De referência é também o lagar duplo, em granito, destinado a espaço museológico e prova de vinhos com acesso para o quintal, outro recanto privilegiado de tranquilidade e sossego.
Publicado no Jornal Beirão (94.ª edição)