O espigueiro do Campo:
imponente, gracioso e ainda útil
Espigueiro do Campo, Paraduça
Imponente, gracioso e ainda útil, é assim que permanece o espigueiro do Campo, assim conhecido na povoação de Paraduça (freguesia de Leomil, concelho de Moimenta da Beira).
Distinto de acordo com a quantidade de cereal e com os recursos do proprietário, é de salientar que este espigueiro ainda continua útil para a armazenagem e secagem do milho, numa paisagem tipicamente rural, junto de uma eira lajeada por acção humana, lugar onde ainda se malha o centeio e onde também decorrem as divertidas desfolhadas.
Caracteriza-se por ser essencialmente uma construção à base de pedra e madeira (existindo, no entanto, alguns inteiramente de pedra), com cobertura de duas águas em telha (nalguns casos, também em colmo ou em pedra, com algum elemento de adorno a encimar o topo frontal do lintel da porta, na maioria das vezes, uma cruz, pretendendo-se assim abençoar o milho), atingindo 17 m de comprimento, 4 m de altura e 2,50 m de largura. Indubitavelmente, um dos mais imponentes do distrito de Viseu. Sob a forma rectangular (havendo-os também de forma quadrada e redonda), assenta em sete pares de pilares que o elevam do solo, sobre os quais apoiam os esteios que suportam toda a estrutura, salvaguardando, ao mesmo tempo, através desta elevação, o milho da intromissão dos pássaros, roedores e insectos.
Ainda do ponto de vista construtivo, possui uma câmara estreita, de paredes aprumadas, com seis quartéis. Conta o Sr. Armando Graval, quem o utiliza, cada um (quartel) com capacidade para cem alqueires. As paredes apresentam propositadamente fissuras de modo a permitir o arejamento do milho numa estação tão adversa como o Inverno e a rodear as sapatas, onde assentam os pilares, é possível observar pequenas cavidades com água para impedir o acesso das formigas. Como se pode verificar, para além da concordância campestre, também alguma complexidade na sua construção.
Resumidamente, estruturas com todos estes predicados merecem, naturalmente, ser divulgadas.
Publicado no Jornal Beirão (51.ª edição)
Também conhecido por canastro e caniço. No que respeita ao território português, encontra-se sobretudo nas zonas Norte e Centro.
Sr. Fernando Pina. No concelho moimentense existem também espigueiros comunitários (visitar a freguesia de Segões), alguns dos quais ainda em bom estado.
O milho é originário da América Central. Com o início da colonização e as grandes navegações do século XVI, difundiu-se para outras partes do mundo. Hoje, é uma das plantas alimentares mais importantes.
Nos fins do Verão/inícios de Outono, depois de cortadas, as canas do milho são transportadas para a eira. Aí faz-se a tradicional desfolhada, animada pelos cantares típicos e pelas merendas bem confeccionadas, reunindo à sua volta os mais velhos e os novos, familiares, amigos ou vizinhos. Depois de desfolhar as espigas, a palha é posta a secar para posteriormente servir de alimento aos animais e o milho é transportado em cestos e armazenado no espigueiro. Os jovens, particularmente, gostam de participar nas desfolhadas na esperança de encontrarem, no meio das espigas de milho branco ou amarelo, o milho-rei (milho de cor vermelha), para poderem beijar ou dar um abraço a todos os rapazes ou raparigas presentes, suscitando, muitas vezes, os namoricos.