Implantada no alto da falésia que domina a baía do Beliche (ou Belixe), desconhece-se a época de construção desta fortaleza, sendo certo que já existia no século XVI, por nela existir um escudo do rei D. Sebastião. Pela posição estratégica que ocupa, num dos cabos que controla a passagem das costas meridional e ocidental do país, é de supor que o local tenha sido utilizado desde tempos remotos para fins militares, embora não tenha existido ainda qualquer estudo monográfico que esclareça, ou discuta, as origens desta fortaleza. A eventualidade de ter sido edificada por ordem de D. Manuel, que se deslocou ao Cabo de São Vicente na viragem para o século XVI, é uma proposta aliciante, mas que permanece, por enquanto, como mera hipótese.
Na segunda metade do século XVI, em 1578, o corsário inglês Francis Drake atacou-a e provocou graves danos. Desconhece-se, igualmente, a extensão dos estragos infligidos, mas é de presumir que foram importantes o suficiente para motivar a reconstrução do conjunto. Este só ocorreu na passagem para a década de 30 do século XVII, em pleno domínio filipino e numa altura em que o governo ibérico dedicava particular atenção à defesa da costa Sudoeste, constantemente atacada por corsários e piratas a soldo dos reinos do Norte da Europa. A porta de entrada da fortaleza exibe a data de 1632, que deve corresponder ao ano de conclusão dos trabalhos, sendo então governador da província o segundo conde do Prado, D. Luís de Sousa.
A fortaleza segue uma estrutura comum à arquitectura militar da época, com planta poligonal estrelada, estrategicamente com as baterias voltadas ao mar. A porta principal, de arco de volta perfeita, situa-se a "Poente, numa reentrância formada por um contraforte de uma torre" (COUTINHO, 1997, p.155). No interior, existe uma segunda cortina, que protege uma longa escadaria que dá acesso à praia e por onde entrariam os mantimentos e outros materiais em caso de cerco terrestre. A entrada na fortaleza propriamente dita faz-se através de um arco de volta perfeita nessa linha fortificada interior e é dominada por uma torre quadrangular, com acesso através de passadiço. As dependências de apoio à guarnição militar (camarata, arrecadações e compartimentos comuns cobertos) adossam-se à muralha, permitindo a existência de um espaço relativamente amplo para manobras militares. Igualmente encostada à muralha localiza-se a capela de Santa Catarina (actualmente dedicada a Santo António), pequeno templo de planta centralizada, composto por nave quadrangular coberta por cúpula e diminuta capela-mor.
Depois de abandonado o forte, o século XX conferiu-lhe outras funcionalidades, designadamente a turística. Foi com esse objectivo que o conjunto se transformou em pousada, construindo-se, por volta de 1960, os diversos equipamentos de apoio à actividade hoteleira, como o restaurante. Nessa altura, relvaram-se também importantes secções do interior e reconstruíram-se alguns panos da cortina militar.
Actualmente este forte é propriedade da Câmara Municipal de Vila do Bispo.
Fonte: Direcção Geral do Património Cultural