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Terça-Feira, 19.3.2024
Lendas e Tradições
 

Gustavo Alves, Setembro de 1945, Edições Universo, Lda.

 

 

NOSSA SENHORA DA CONFIANÇA

 

PEDROGAM PEQUENO

 

Lenda da Fundação da Capela

 

 

DEO JUVANTE

 

PEDROGAM PEQUENO, vila muito antiga,

é a Petronius dos romanos,

depois Pedrogam do Priorado do Crato.

Foi cabeça de concelho, hoje englobado nas

freguesias que formam o de Sertã.

 

 

 

Sobranceira à vila, como que indicando-lhe o norte, vemos o alto monte da Senhora da Confiança. Toma o nome da linda imagem venerada há séculos em sua capela, situada na parte mais elevada.

Esta antiquíssima veneração pela Virgem, tem perdurado através de tempos dum modo bastante acentuado.

Hoje mesmo a sua acção se faz sentir por entre inúmeros devotos, não só da região, como de longes terras, que a Ela votam o mais profundo sentimento religioso.

Valendo-nos da tradição que se vai apagando da memória dos novos, e, da leitura dum opúsculo publicado por ocasião das festas de 1904, vamos dizer a lenda da fundação da Capela, incontestavelmente cheia de unção religiosa.

Esta lenda revela bem a acção benfazeja da Virgem, pela fé que lhe é patenteada, e, estamos certos, dará azo a arreigar mais no íntimo de todos, o amor e carinho que tão profunda e abnegadamente se lhe tem consagrado.

Conta-se que na época dos Templários cujo pousio em Pedrogam Pequeno era a antiga igreja da Senhora das Águas-Feras (ou Férreas) – pertença de antigo convento hoje desaparecido – havia sido acusado um nobre fidalgo por um delito que não cometera.

Preso, era conduzido para o Convento de Cristo, em Tomar, também dos Templários, onde injustamente ia ser condenado à morte pelas leis inflexíveis dos homens daquela época.

Passaram por Pedrogam Pequeno onde descansaram, tendo o preso sido encerrado na cadeia da Vila.

Na sua cela e entenebrecido pelo desalento, a alma do pobre fidalgo debatia-se com a mais atroz dor.

Em tal acabrunhamento rezou à Virgem, e nas suas orações encontrou alívio.

Foi assim que, na escuridão da sua masmorra, e entreabrindo os olhos cansados, viu, através duma fresta, um esplendente monte de enormes pedregulhos de granito, todo revestido da mais exuberante vegetação em plena primavera.

Deste modo renasceu no seu íntimo a ideia de liberdade que tão barbaramente lhe subtraiam e, num transe de desespero, elevou a sua alma ao céu; cheio de ardorosa fé, entregou-se em profunda oração à Virgem em quem depositou toda a sua confiança.

No auge da sua prece, quando a sua fé vibrava com intensidade, visionou, resplandecente, como que espargindo uma luz suavizadora, a Virgem Santa surgir do alto do monte, aproximando-se tão brandamente, que reflectiu no pobre condenado um bálsamo consolador.

Era o prenúncio da sua próxima liberdade.

De facto, foi-lhe reconhecida a sua inocência.

Liberto e feliz, não esqueceu, porém, a Virgem, que tanta confiança lhe incutira, nos terríveis transes por que havia passado. E, como sinal do maior reconhecimento, mandou construir no alto do monte da aparição da Virgem, no lugar onde hoje se encontra a actual capela, um pequeno templo, promovendo celebrações religiosas em acção de graças e atestando aos vindouros o poder divino.

Desde então inúmeros fiéis se têm socorrido da crença a Nossa Senhora.

A muitos tem valido com milagrosa confiança e por isso lhe votam a mais sincera fé.

v

Todos os anos, em 7 e 8 de Setembro, afluem a Pedrogam Pequeno, ao Monte de Nossa Senhora da Confiança, onde se celebram as festas em sua honra, grande número de romeiros. Vêm depor aos pés da Santa as suas promessas, os agradecimentos pelos milagres que continua operando.

É um espectáculo impressionante ver como as gentes da serra acodem de longes terras, trazendo nos seus cantares os versos mais adequados em louvor da Santa.

Confundem-se no arraial toda a classe de devotos – serranos, camponeses, criadas de servir, gente fina das Vilas e da cidade.

É deveras enternecedor o espectáculo espiritual verificado no momento em que a santa, após a solene procissão, se recolhe à sua capela, e antes se despede dos crentes.

Naquele instante a onda humana, a grande massa de fiéis ajoelha e reza.

Vibra-se de intensa religiosidade.

Neste adeus à Virgem, as lágrimas que assomam aos olhos dos peregrinos, provam bem o amor que lhe tributam.

Eis, pois a lenda, em toda a sua simplicidade.

É nosso desejo que ela contribua para avigorar a fé em todos os corações crentes.

 



 ADITAMENTO

Além do interesse religioso tem o Monte da Senhora da Confiança a particularidade de ser um local turístico bastante visitado.

Tal como o Castelo dos Mouros, de Sintra, mas mais alcantilado e penhascoso, dele se desfruta um surpreendente panorama. Dali pode o forasteiro espraiar a vista para as serras que se estendem ao longe como: Lousã, Estrela, Alvaiázere, Melriça; deslumbrar-se como que com um mapa em relevo descobrindo Pedrogam Grande, Figueiró dos Vinhos, Arega, Madeira, Dornes, Cernache do Bonjardim e muitos outros lugares semeados pelos vales e encostas.

A seus pés, «engastada nas rochas de granito, por entre as quais se escoa o majestoso Rio Zêzere, existe a mais formosa jóia da Beira. É o Cabril – a Sintra da Beira Baixa.» 

(E.L. – Diário Ilustrado – n.º 995 – 12 Agosto 1875)

 

Aqui têm vindo, atraídos pela rude beleza dos alcantis, alguns dos nossos mestres da pintura, como José Malhoa, Frederico Aires e outros. Alfredo Keill aqui colheu inspiração para os seus «tojos e rosmaninhos» e para a ópera «Serrana». E o expressivo escritor Raul Proença, impressionado pela inconfundível grandiosidade da paisagem local, chama-lhe no seu «Guia de Portugal»: «um dos trechos mais arrogantes de toda a Europa, no seu género.

Rodeado de imensos pinhais que tonificam o ar já de si puro, e dotado de excelentes águas de experimentada eficácia terapêutica, aliada à beleza incomparável do seu Cabril e da sua maravilhosa e verdejante paisagem, Pedrogam Pequeno, é muito procurado como estância de repouso, cura e turismo.

 
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