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História
 

A cerca de 10 km, para norte, da sede do concelho, e a 55 de Lisboa, a freguesia de Maxial tem uma área de 28 km2. Passa na povoação o rio Alcabrichel e seus afluentes. É constituída pelos lugares de Eiras da Palma, Aldeia Grande, Sestearia, Póvoa, Valentina, Ermegeira, Loubagueira, Ereira, Vila Seca, Folgarosa e Casais de Santo António.
Alguns vestígios arqueológicos parecem conceder a esta freguesia uma origem pré-histórica. O castro do Cabeço do Jardo é a prova evidente do que se acaba de afirmar. Aí terão vivido as primeiras populações da freguesia. Os castros eram povoações fortificadas, situadas no alto dos montes e rodeadas por várias linhas de muralhas defensivas. Dentro, vivia em pequenas casas de pedra, cobertas por ramos de árvore, uma população pobre, que se dedicava apenas à agricultura e à domesticação de animais. O mesmo se dirá da gruta artificial da Ermegeira, também em Maxial.
Com a chegada dos romanos, no séc. III a.C., esses povos foram obrigados a abandonar os seus castros, no sopé das montanhas, e a descer para os vales aluviais, mais férteis e produtivos.
A herança deixada pelos romanos na região de Torres Vedras, como no resto do País, foi significativa. A romanização fez-se sentir primeiramente na instalação de novos povoamentos, mas também na técnica de construção das habitações, na abertura de estradas e de pontes, e, a nível do sistema económico e financeiro, a alteração profunda do regime fiscal e a introdução de novas técnicas agrícolas. Em Santa Susana de Maxial, os principais vestígios da presença romana estão concentrados em S. Martinho, junto de Aldeia Grande. Ali apareceram há alguns anos objectos diversos e moedas daquele tempo, dos Imperadores Tibério e Nero. Tudo isso se encontra, hoje, no Museu Municipal de Torres Vedras.

Segundo a tradição, seguida inclusivamente por um documento de 1618, a igreja de Maxial foi fundada por uns cavaleiros franceses, aquando da conquista de Lisboa aos mouros. Esses cavaleiros foram presenteados pela sua heroicidade com a doação destes territórios. O que se sabe com absoluta certeza é que em 1493 já existia, pois existem documentos coevos que o confirmam: uma escritura de doação desse ano, feita por Guiomar Esteves, viúva de Álvaro Afonso, a esta igreja, cujo prior era Gabriel Fernandes. Nessa escritura consta também, que a antiguidade do templo era considerável. O terramoto de 1755 veio no entanto destruir toda esta igreja. Dela resta apenas a capela-mor, que corresponde hoje à capela do cemitério.
Em termos eclesiásticos, foi um priorado da apresentação dos beneficiados da colegiada de S. Miguel de Torres Vedras. Os agricultores pagavam os dízimos de 142 moios de pão e de 27 moios de vinho.
Em 1471, foi fundada nesta freguesia uma albergaria pelos moradores de Ermegeira João Gil Cuchifel e sua mulher, Catharina Annes. Foi dada a essa albergaria o nome de Hospital de Nossa Senhora da Piedade, que se tornou um dos mais célebres de toda a região torrejana. Depois de estar actvo durante quatrocentos anos, acabou por ser desactivado em 1860 e integrado na Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras. Dele resta hoje a sua ermida.

Durante o reinado de D. Afonso VI, foi Maxial elevada à categoria de vila e de sede de concelho. É este o momento mais alto da história da freguesia. Que durou pouco, no entanto, pois em 1667 o concelho já estava extinto. Refere Madeira Torres em relação ao assunto: “Em consequência da graça concedida ao Secretário das Mercês – Gaspar Severino de Faria de um lugar até quarenta vizinhos para constituir-se, de que ele fosse Donatário e de haver sido por ele designado o lugar do Maxial este foi elevado a Vila por carta de 26 de Janeiro de 1662, como se vê no livro 6.º do Registo da Câmara. (...) Foi extinto por provisão de 8 de Janeiro de 1667, expedida por efeito de imediata resolução que se acha no livro 7.º do Registo da Câmara.”
A agricultura foi sempre a actividade predominante para a população da freguesia, que neste momento se cifra em cerca de quatro mil habitantes. Agricultura de subsistência, logicamente, que para mais não dava. As culturas principais eram a vinha, o trigo e o milho, a batata, o feijão, o grão e outros produtos hortícolas. Para a economia rural da aldeia, contribuía ainda a criação de gado, com destaque para as cabras, as ovelhas, o boi, o porco e o cavalo, o burro, os coelhos e as galinhas. Em termos industrias, tudo se resumia aos moinhos de vento e às azenhas, que transformavam o grão em farinha. Ou o pão, a par dos legumes, como principal sustento da população. Ainda referências para a olaria, a ferraria e a cestaria.

 
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